poesia, Carlos Lopes Pires

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018



apanhar ar
mexer na terra
receber a luz

mover as sombras
ou segui-las

e depois ir
como se fosse vento
e lá fora chuva
                             (para a-porfírio)












em nós se abriu o silêncio
e nele o nome

e nas ruas os passos
que são nossos
e em silêncio

e então entendo
o que em mim se perde
na chuva ao fundo

e o que por dentro
se aproxima

tudo se move em ti
e em ti repousa

 

porque tudo está fora do lugar

as coisas as canções
o frio

alguém que passa por nós
e vai na chuva

a água das goteiras
e o inverno atípico

o guarda-chuva
que não sabe de nós

o dia em que Deus
se sentou contigo
e disse

por favor
leva-me comigo