poesia, Carlos Lopes Pires

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

há uma gaivota

sem nome

que me visita

 

às vezes penso

 

que tudo nela

é grande demais

 

para que não seja

infinito

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

hoje li um livro

que me falava de água

 

por que motivo

todos os livros

me falam

de ti

sábado, 15 de janeiro de 2022

encostei

o meu coração ao teu

e pensei que era um só

 

e desde então há muito

que vivo no teu coração

 

ou talvez sejas tu

 

ignorantes os dois                 

tão cegos portanto

 

indo e vindo de toda a parte

que onde um vai

o outro está

 

este tão grande desconhecimento

da impossibilidade

 

até que a morte

esclareça o mistério

sábado, 1 de janeiro de 2022

uma vez alguém perguntou ao poeta da ignorância

 

 

escreves para alguém?

sim, para ninguém

 

e onde está ninguém?

está ausente

 

e como é?

não sei

 

e como sabes que está, se é ausente?

a sua ausência impõe-se a tudo

 

é então uma ausência presente?

não. é de uma completa ausência.

tanta que me ocupa em todo o lado. é um sem-lugar

 

mas esperas um dia encontrá-lo?

Já encontrei

 

não entendo…

também eu não