há uma gaivota
sem
nome
que
me visita
às
vezes penso
que
tudo nela
é
grande demais
para
que não seja
infinito
não posso pedir-te que venhas comigo. nem posso pedir-te que vejas o mesmo que eu vejo. cada qual transporta a si mesmo. também não posso pedir-te que saibas do que eu sei e que todos os dias me acontece desde há muito. repara: estou cego e um cego não pode pedir aos outros que vejam o que ele mesmo não sabe que vê.
encostei
o meu coração ao teu
e pensei que era um só
e desde então há muito
que vivo no teu coração
ou talvez sejas tu
ignorantes os dois
tão cegos portanto
indo e vindo de toda a parte
que onde um vai
o outro está
este tão grande desconhecimento
da impossibilidade
até que a morte
esclareça o mistério
uma vez alguém perguntou ao poeta da ignorância
escreves para
alguém?
sim, para ninguém
e onde está ninguém?
está ausente
e como é?
não sei
e como sabes que
está, se é ausente?
a sua ausência impõe-se a tudo
é então uma ausência
presente?
não. é de uma completa ausência.
tanta que me ocupa em todo o lado. é um sem-lugar
mas esperas um dia
encontrá-lo?
Já encontrei
não entendo…
também eu não