poesia, Carlos Lopes Pires

sexta-feira, 30 de setembro de 2022

sentei-me

e abri as mãos

para que viesses

 

e tu vieste

 

tu vens sempre

com o sol

ou através da chuva

 

depois fechei

os olhos

 

e fechei-os tanto

para que não te fosses

 

que desde há muito

já não te vais

 

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

se havia mar

não dei por ele

 

era talvez verão

 

ou outra coisa

que ainda não fosse tarde

 

setembro sobre os muros

o sol através das mãos

 

e a vida desprendia

um sossego muito antigo

 

era aí

que eu dormia

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

leva-me contigo

tristeza

 

pelos charcos silenciosos

das rãs

 

às mãos abertas

dos amigos