não posso pedir-te que venhas comigo. nem posso pedir-te que vejas o mesmo que eu vejo. cada qual transporta a si mesmo. também não posso pedir-te que saibas do que eu sei e que todos os dias me acontece desde há muito. repara: estou cego e um cego não pode pedir aos outros que vejam o que ele mesmo não sabe que vê.
poesia, Carlos Lopes Pires
terça-feira, 21 de janeiro de 2020
rompi o
silêncio para estar
contigo
mas tu já
nunca me vês
já não
reparas nas minhas mãos
nem
perguntas onde estão
demasiados
pássaros
e poucas
rosas
e no
entanto
ando de
par em par
em busca
do teu
coração
(se um dia houver domingo à tarde, 2021)
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