poesia, Carlos Lopes Pires

domingo, 15 de abril de 2018

é um mistério.

pregado numa cruz
na parede do meu quarto

todos os anos ao terceiro dia
desce e caminha
por entre os móveis e as portas

atravessa a poeira
e as marcas do que já não é

ergue as mãos no meu dentro
e chora nos meus olhos

depois volta a subir
descalço e triste
naquela coisa de tábuas

a cabeça de lado
os espinhos e o sangue
a boca aberta e muda

e morre outra vez
por mim
                 (In a noite que nenhuma mão alcança, 30 Junho 2018)


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