poesia, Carlos Lopes Pires

sexta-feira, 22 de março de 2019


não te conheço

embora há séculos
ouça falar de ti

às vezes
pouso as mãos na areia
e é como se te falasse

e faço desenhos nas casas
para que possas caminhar lá dentro

ou então sigo as aves
imaginando que vou ver-te

mas nenhuma gaivota
pode encontrar-te

é um total e deserto
este abandono

há séculos aqui sentado

e é já quase
como se fosses tu

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