poesia, Carlos Lopes Pires

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Ainda de algures na década de 90 do século passado, um poema jamais publicado.
           
                         Bolotas
  
Nunca esperei ver tanto nojo na minha vida.
As correrias que se fazem ao longo
dos corredores, as bolotas,
 
a lavadura servida em pratos finos,
os porcos e os abutres infestando as salas de reuniões,
as explicações, a boca cheia de gordura e ossos,
as mãos nos bolsos, o cabelo impecavelmente penteado,
as preocupações, 
esse incómodo que é haver pessoas
capazes de sofrer e que persistem e teimam,
não obstante as principais linhas
da política internacional,

tenho passado os últimos dias
com náuseas.

 

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