poesia, Carlos Lopes Pires

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Hoje venho aqui recordar o poeta José Carlos Gonzalez, querido amigo falecido em Kerlaz (Bretanha) há quase 20 anos. Poema de um livro, que lhe dediquei, chamado "Novos poemas da Bretanha seguidos de Kerladágio" (1999).


A insónia do poeta

É quase inverno na Bretanha.

As florestas enchem-se de sombras
e pássaros. Alimentam-se os peixes
no coração das rias. O vento percorre
o espírito das árvores,
ensufla as velas dos barcos ao largo.

A gata respira o silêncio
onde se escondem os ratos do campo.

A noite cai sobre Kerlaz.
Tudo sossega, tudo dorme.

Só o poeta persiste
na sua insónia do mundo.

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