Essa flor tantas vezes nomeada em vão,
casa, esquina, portal e rua,
segredo escondido nos teus olhostão de ervas e brancura,
aí, onde nada fecha nem cerca
o coração,
o coração deste homem,
o teu, o dele,
sem nada mais que seu,
pequeno, mortal,juntando ossos, galhos,
água e barro modelando o verme,
o insecto, o voo
desta criatura cega e muda
na procura da verdade aberta a
todos os caminhos,
a verdade ignorada que
as suas mãos buscam
nessa flor tantas vezes nomeada
em vão.
(In Em cada um, 2001)
Nas minhas deambulações etéreas
ResponderEliminarsintonizei uma emissão
cuja origem
só pode ser um mundo diferente
dos muitos em que nós outros
julgamos acreditar
e que alguns de nós
até olhamos e dizemos que gostamos do que vemos
só que não conseguimos descortinar
o caminho
rumo a algo que sentimos inalcançável
Demais sabemos que há outros mundos
que nos parecem cada vez mais distantes
à medida que reparamos neles
mas que talvez estejam
à mão duma simples flor
duma maçã acabada de colher
das pedras do caminho
dos detalhes do meu quintal
duma gota de chuva
nas areias do deserto
ou no fogo
redemoinhado pelo vento
nada será em vão