poesia, Carlos Lopes Pires

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

muitos escrevem a um deus

cheio de letras grandes

com intervalos de importância

 

eu dirijo-me a um Deus

que não quer existir-se

para além da nespereira

do meu quintal

 

que louva e canta

a ignorância em todas

as gramáticas do mundo

 

que não quer nem sabe

e vai por onde vai

 

e quando me perguntam

que género de Deus é este

eu apenas posso dizer

 

sei de um pássaro

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