poesia, Carlos Lopes Pires

sexta-feira, 23 de julho de 2021

desde há muito

que a ignorância me comove

 

e finjo que não te vejo

baixando devagar

sobre a nossa nespereira

 

tu também me olhas

e fazes de conta que não me vês

 

e então cantas

 

cantas

como se cada hora

fosse um verão sem feridas

e depois vagueias pelas outras árvores

 

e fazes com que seja noite

 

e louvo-te em toda a minha ignorância

louvo-te quando te encontro de manhã

e vejo que não te foste

 

e então te peço

fica comigo

 

que é quando fazes de conta

que não estou

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