desde há muito
que a ignorância me comove
e finjo que não te vejo
baixando devagar
sobre a nossa nespereira
tu também me olhas
e fazes de conta que não me vês
e então cantas
cantas
como se cada hora
fosse um verão sem feridas
e depois vagueias pelas outras árvores
e fazes com que seja noite
e louvo-te em toda a minha ignorância
louvo-te quando te encontro de manhã
e vejo que não te foste
e então te peço
fica comigo
que é quando fazes de conta
que não estou
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