poesia, Carlos Lopes Pires

sábado, 31 de julho de 2021

falta-me sempre distância

 

quando tento explicar

que a minha poesia

é uma questão de ausência

 

e não me falem de literatura

 

falem-me antes de um homem

que teve um gato

e dos seus poemas tristes

 

porque a tristeza

é um dom da abundância

 

e foi criada

ao terceiro dia

para que nunca estejas só

 

e tem desenhos na areia

tem feridas abertas nas mãos

 

uma coisa que dói

no coração da madeira



                        (onde crescem as maçãs, 2020)

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