poesia, Carlos Lopes Pires

terça-feira, 27 de julho de 2021

todas as manhãs se levantam

e caminham para a morte

 

e das mãos erguem casas

desenham cores lápis algodão

 

abraçam os filhos e os retratos

olham o reflexo das lágrimas

que deixam pelo chão

 

e depois vão pelas tardes distraídos

misturam-se com as aves

evitam a chuva e os dias frios

 

mas morrem por todo o lado

 

ou então chegam tarde e à noite

e abraçam os filhos

 

inventam alegrias e palhaços

para que a vida não pareça

 

tão estreita



                 (a noite que nenhuma mão alcança, 2018)

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